Festival chileno recebe filmes com temas indígenas até 6 de setembro
CHILE : 20.08.10
Tatiana Félix : Jornalista da Adital
O Centro Cultural Coletivo Cine Fórum de Valparaíso, no Chile, convida cineastas a inscreverem seus filmes com temáticas indígenas e povos originários até o dia 6 de setembro. O material será apresentado durante o II Festival de Cinema dos Povos Indígenas e Povos Originários do Mundo, que será realizado de 11 à 15 de Outubro deste ano, em Valparaíso, no Chile.
Podem participar curtas, médias e longas metragens, documentário, ficção, animação e etc. Os filmes concorrem ao prêmio “Moises Huentelaf”, em homenagem ao militante do Movimento Campesino Revolucionário, assassinado em 1971. As obras serão classificadas por temas, entre eles: questão de território, memória histórica, saúde e medicina, identidade, festas religiosas e outros.
O tema principal do festival será a Amazônia Peruana, região de interesse de multinacionais e de países que querem privatizar e depredar os recursos naturais. O festival destaca para o fato de que o mundo indígena defende com sua própria vida, o seu habitat natural. O Cine Fórum ressaltou que a ideia é também mostrar a repressão que as comunidades Mapuches vêm sofrendo por parte do governo chileno.
A Nicarágua está sendo convidada a apresentar uma retrospectiva cinematográfica que revele o mapeamento étnico do país. Para isso, é esperado a participação de um representante indígena que exponha sua visão.
A coordenação do festival ressalta o direito indígena à autonomia ou autogoverno, o controle de suas terras e recursos naturais, a preservação da cultura e tradições, entre outras questões, como prevê a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada em 2007, pela Assembleia das Nações Unidas.
“Convidamos o mundo cultural, social e político a exigir que esta Declaração Universal seja obrigatória para a Constituição da República neste bicentenário”, pontuam.
Mais informações, acesse: www.cineforum.cl
fonte : adital
Povos do Xingu pedem ajuda para resistir aos mais fortes ataques do capital
do Adital : Andes-SN *
27.01.10 : BRASIL
Os povos do Xingu, que resistem à construção da Hidrelétrica de Belo Monte há mais de 20 anos, sofrem neste momento seu mais pesado ataque e precisam do auxílio de todos aqueles que compreendem o quanto é importante discutir melhor o impacto da construção de hidrelétricas na Amazônia.
Este foi o apelo do representante do Movimento Xingu vivo, Dion Monteiro, durante a abertura do 29º congresso do ANDES-SN. “Os povos do Xingu resistiram ao governo militar de Figueiredo, ao governo Sarney, Collor, Itamar, FHC (duas vezes), e agora, no governo Lula, sofrem o seu mais pesado ataque”, denunciou.
De acordo com ele, em uma audiência realizada no dia 22/7/2009, o presidente da República prometeu que Belo Monte não seria “enfiada goela abaixo dos povos do Xingu”. “Infelizmente, é exatamente isso que tem ocorrido. O governo Lula, hoje, tem tentado implementar esta obra a qualquer custo, sem debater com a sociedade, e muito menos com as populações atingidas”.
Dion Monteiro alega que o motivo é claro: o governo não quer que as pessoas saibam que a energia gerada irá atender apenas as grandes empresas do eixo centro-sul do Brasil, e a parte que ficará no Pará só irá beneficiar a Vale do rio Doce e a ALCOA, não sendo previsto nada para atender as comunidades locais que não possuem energia elétrica.
O ativista ressalta ainda que o processo de viabilização da hidrelétrica demonstra o autoritarismo com que os governos e seus representantes têm tratado a floresta e as populações amazônicas historicamente. “No Governo do Pará, governado pelo PT, a coisa é ainda mais grave, pois os mais influentes secretários de governo são todos professores e professoras da UFPA, conhecedores das históricas e trágicas consequências que os projetos capitalistas de desenvolvimento trouxeram para a região, mas, mesmo assim, movidos por interesses econômicos e eleitorais, defendem com todas as suas forças a hidrelétrica de Belo Monte”.
Saiba porque a Hidrelétrica de Belo Monte interessa ao capital:
– Os 11 mil MW de energia prometidos somente serão alcançados em 4 meses do ano;
– Aproximadamente 20 mil pessoas serão remanejadas compulsoriamente, já que a área do reservatório atingirá diretamente três municípios (Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo) e, indiretamente, quase uma dezena de municípios.
– As empresas estimam ganhar no mínimo 30 bilhões de reais, dinheiro proveniente dos impostos pagos por brasileiros e brasileiras;
– O EIA elaborado pelas empresas contratadas pelo próprio governo, estima que aproximadamente 100 mil pessoas migrarão para a região, mas que, no pico da obra, somente serão gerados 40 mil empregos;
– Que as hidrelétricas emitem gás metano, que é um gás de efeito estufa que causa um impacto no aquecimento global 25 vezes maior, por tonelada, que o gás carbônico;
* Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
fonte :