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Archive for fevereiro \20\-02:00 2010

Em 7 anos, apenas três terras Guarani foram homologadas

Adital

11.02.10 : BRASIL

 

Do total de 74 Terras Indígenas (TIs) homologadas pelo Governo Federal do início de 2003 até outubro de 2009, apenas três contemplam o povo Guarani, uma das maiores populações indígenas do país. Levantamento da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP) revela que 80% dos territórios Guarani localizados nas regiões Sul e Sudeste do país não foram regularizados ou se encontram regularizados com pendências.

 

E mais: 50 das 120 terras com presença Guarani não estão sequer reconhecidas nas estimativas oficiais e, portanto, não são sequer divulgados pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Os dados fazem parte do livro “Terra Guarani no Sul e no Sudeste”, lançado pela CPI-SP no final do ano passado.

 

O povo indígena Guarani representa 10,2% do total de índios em território nacional e abrange mais de 55 mil índios, distribuídos principalmente nas regiões Sul (RS, SC, PR), Sudeste (SP, RJ, ES) e Centro-Oeste (MS). Existem Guarani em outros quatro países: Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. 

 

Fonte: Repórter Brasil, por Bianca Pyl

 

Fonte:

ADITAL

Puelmapu

. extraído do wiki-lingue

 

Puelmapu , (mapudungúnpuelmapu‘terra do este’ ) ? é a parte do Wallmapu ou territóriomapuche que está ao este da Cordillera dos Andes. Na concepção tradicional mapuche, o mundo terrenal ou Nagmapu (mapudungúnnagmapu‘terra de abaixo’ ) ? está-se composto por quatro partes (Meli Witran Mapu, os “quatro cantos da terra”), das que uma é o Puelmapu.

Conteúdo

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Descrição

Ao conjunto de relações espaciais e particularidades territoriais do mundo mapuche no plano do Nag Mapu, denomina-se-lhe Meli Witran Mapu. A maneira de entender a terra pengel (mapudungúnpengei‘visível’ ) ?que habita o mapuche organizada a partir dos meli zuam (Mapudungún: Meli: quatro e zuam :lados da terra), lados que definem particulares modos de vida a partir da maneira em que o Mapuche se relaciona na cada um deles com a natureza e o médio que os rodeia. Ao este do Nagmapu esta a Cordillera dos Andes , lugar (mapudungúnche mogekeygün‘onde habitam’ ) ? Pehuenche e onde o antü (mapudungún: antu‘sol’ ) ? sai nas manhãs . Ali a água é pire (mapudungúnpire‘neve’ ) ? e transforma-se em rios, seus habitantes possuem uma relação estreita com as piñaderías das cimeiras. Ali na Mawizantumeu (mapudungún:Mawizantumeu‘cordillera’ ) ?, o mapuche habita apesar de ser espaço não domesticado.

…“No território compreendido entre os rios NeuquénLimayCordillera de Ande-losLago Nahuel Huapi; não tem ficado um sozinho índio, todos têm sido arrojados ao ocidente (…) Ao sul do rio Limay, fica do selvagem os restos do cacique Sayhueque fugindo, pobre, miserável e sem prestígio(…)

General argentino Villegas[1] 5 de maio de 1883

O Puel Mapu é hoje parte da Argentina, habitado pelos puelches (em sentido posicional, não histórico), se estende entre os rios Quarto eDiamante, pelo norte, até os rios LimayNegro pelo Sur, sendo seu limite Este o rio Salgado de Buenos Aires (ou para 1750 a linha dos fortines e povos de San Nicolás dos Ribeiros, San Antonio de Areco, Luján e Merlo) e o Cá Füta Lafken (oceano Atlántico) e o oeste a Cordillera dos Andes.

Veja-se também

Referências e notas de pé

Bibliografía

  • Bengoa, José. 2000. História do Povo Mapuche Século XIX e XX. Editorial Lom, Santiago.
  • Canals Frau, Salvador. 1935. “A Araucanización da Pampa”. Em: Anales da Sociedade Científica Argentina CXX. Buenos Aires.
  • Casamiquela, Rodolfo. 1969. Um Novo Panorama Etnológico do Area Pampeana e Patagónica Adjacente. Provas Etnohistóricas da Filiación Tehuelche Setentrional dos Querandíes. Museu Nacional de História Natural, Direcção de Bibliotecas, Arquivos e Museus. Santiago.
  • Casanova, Holdenis. 1996. “A Aliança Hispano Pewenche e suas Repercussões no Macroespacio Fronteiriço Sur Andino (1750-1800)”. Em; Araucanía e Pampas. Um Mundo Fronteiriço em América do Sul. Edições Universidade da Fronteira, Temuco.
  • Latcham, Ricardo. 1929 – 1930. Os Índios da Cordillera e a Pampa no S. XVI. Em Revista Chilena de História e Geografia LXII (66): 250 – 263; LXIII (67): 136 – 172; LXIV (68): 194 – 227; LXV (69): 225 – 263. Santiago.
  • León Solís, Leonardo Temuco. 1991. Maloqueros e Conchavadores em Araucanía e as Pampas, 1700- 1800. Edições Universidade da Fronteira, Série Quinto Centenário.
  • Mariño De Lobera, Pedro. 1865 [Crónica do Reyno de Chile. Colecção de Historiadores de Chile, Tomo VI. Santiago.
  • Lara, Horacio. “Crónica Da Araucanía”, tomo II, Imprenta de “O Progresso”, Santiago, Chile, 1889
  • Latcham, Ricardo. A organização Social e as Crenças Religiosas dos Antigos Araucanos. Publicações do Museu de Etnología e Antropologia de Chile, Santiago, 1922.
  • Leon, Leonardo. “O Parlamento de Tapihue”, Nütram Nº32, Edições Rehue Ltda., Santiago, Chile, 1993
  • Leon, Leonardo. “O pacto colonial hispano-araucano e o Parlamento de 1692”, Nütram Nº30, 1992/4, Santiago, Chile
  • Leon, Leonardo “O pacto colonial hispano-araucano e o parlamento de 1692”, Nütram Nº30, 1992/4, Santiago, Chile.
  • Mariño de Lobera, Pedro. “Crónica do reino de Chile”. Colecção de Historiadores de Chile, Santiago, Imprenta do Caminho-de-ferro, 1865.
  • Molina, Raul e Correia, Martin. “O Território Pewenche do Alto Bio Bio”, Colecção A Propriedade Indígena em Chile, Conadi, Santiago, Chile, 1995.
  • Parentini, Luis Carlos. “Introdução à etnohistoria mapuche”, DIBAM, Centro de Investigações Diego Barros Arana, Santiago, Chile, 1996.
  • Pinto, Jorge (Editor). Do discurso Colonial ao Proindigenismo. Ensaios de História Latinoamericana, Edições Universidade da Fronteira, Temuco, 1996.
  • Ramirez, Fr. Francisco Xavier, “Coronicon Sacro- Imperial de Chile”, Fontes para o estudo da colónia, transcrição de Jaime Valenzuela M., Direcção de Bibliotecas Arquivos e Museus, Centro de Investigações Diego Barros Arana, Santiago, 1994.
  • Bibar, Gerónimo De (1966 [1558]): Crónica e Relação Copiosa e Verdadeira dos Reynos de Chile. Fundo Historiadores José Toribio Medina. Santiago, Chile.
  • Blancpain, Jacques Perre (1985). “Os Alemães em Chile” (1816-1945). Editorial Hachette. Santiago 1985
  • Borda Jean, Mario Góngora (1956): Evolução da Propriedade Rural no Vale do Puangue. Tomo I.

Enlaces externos

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Comunicadores indígenas de Argentina presentan pagina Web

pueblos originarios

encuentro organizaciones indigenas

De norte a sur, de este a oeste comunicadores indígenas se reunirán en la ciudad autónoma de Bs. As para la firma de convenios y la presentación de una pagina Web.

Tras la inclusión de la propiedad indígena de los medios de comunicación audiovisuales comienza a desarrollarse la comunicación con identidad en los territorios. La presentación de la página podrá ser seguida a través de Internet.

Puelmapu_ Los días 10, 11 y 12 del corriente mes en la ciudad autónoma de Bs. as, el equipo de comunicación del encuentro de organizaciones de pueblos originarios junto a autoridades originarias de 23 pueblos preexistentes al estado argentino presentaran una pagina Web, firmaran convenios, abordaran el desarrollo en los territorios de la comunicación con identidad y harán importantes anuncios.

Juan Chico integrante del Pueblo Qom definió a la comunicación con identidad como “una herramienta que viene a dar visibilidad al reconocimiento constitucional de la preexistencia étnica y cultural de los Pueblos Indígenas para que transforme la relación con el Estado y sus instituciones sociales, políticas, económicas y jurídicas a fin de confrontar y transformar estas relaciones de poder que han naturalizado las asimetrías sociales, superando la actual situación de dominación, dependencia y discriminación”.

La comunicación con identidad fue incluida en la ley de servicios de comunicación audiovisual 26.522 luego de que el equipo de comunicadores conformado por 35 comunicadoras y comunicadores de las organizaciones territoriales debatieran , consensuaran y elaboraran la propuesta que luego seria incluida tras meses de incidencia publica y política para garantizar el derecho a la comunicación de los pueblos originarios.

Tras la aprobación de la ley en el senado Argentino en Octubre del 2009 los pueblos originarios lograron representación propia en la toma de decisiones en los referido a comunicación en territorios indígenas, la inclusión de una cuarta categoría de propiedad garantiza a más de 34 Pueblos Indígenas que conservan 14 idiomas ser reconocidos como sujetos de derecho público hecho sin precedentes hasta aquí en el continente.

Juan chico además agrego que la presentación de la página y los anuncios podrán ser seguidos el viernes 12 de Febrero a las 15hs por el canal por Internet que ese día se pondrá en marcha. http://www.livestream.com/pueblosoriginarios.

El comunicador del Pueblo Qom finalizo diciendo que durante los días de reunión la agenda incluye una serie de reuniones con organismos de comunicación y que tendrán como objetivo materializar la puesta en marcha de radios en el corto plazo en las regiones del NOA; NEA; Patagonia Norte y Provincia de Bs. As.

Como así también el debate sobre la participación en la sociedad de la información y el conocimiento, que constituyen uno de los principales instrumentos mediante los cuales se ejerce el derecho a la identidad y a mantener y desarrollar los propios modelos culturales, el derecho a la autoorganización y el derecho a la participación en todos los asuntos que nos afecten como pueblos preexistentes a los estados.

fonte : mapuexpress – informativo mapuche

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‘Estamos fartos de índios latinos’: Uma realidade oculta da imigração latinoamericana

 

Adital : La Verdad

11.02.10 : ESPANHA

Tradução: ADITAL

 

O título desse escrito corresponde à declaração de um funcionário de imigração no aeroporto de Barajas, em Madri, ao revelar a verdadeira razão que está por trás do tratamento vexatório e racista que impõe, sistematicamente, aos viajantes “índios latinos” procedentes da América, a quem os agentes de imigração negam a entrada legal a Espanha, mesmo quando estão portando seu passaporte com o visto e outra documentação atualizada.

 

A agência de imprensa internacional Telesul publicou um informe intitulado originalmente “Em España no existen los derechos humanos para los latinos”, escrito por Solvy Hernández, venezuelana que havia viajado a Madri para resolver assuntos relacionados com seu trabalho e estudos. Solvy Hernández se apresentou aos agentes de imigração com seu passaporte devidamente visado e com toda a documentação que o motivo de sua viagem requeria; porém, mesmo cumprindo com todos os requisitos, os agentes a separaram do restante dos passageiros para submetê-la e um intenso e intimidador interrogatório, no qual foi acusada de ter chegado a Espanha para ficar e viver ilegalmente. Depois do duro interrogatório, Solvy Hernández foi levada a um local onde estavam outros “índios latinos” que seriam deportados aos seus países de origem. A autora explica em seu escrito que no lugar havia somente um banheiro para todos sem paredes e sem portas e não havia papel higiênico; informou também que para dormir somente havia camas em más condições e sem colchão; que o lugar estava tão sujo que se sentia um mal cheiro insuportável devido á falta de limpeza. A autora relata também sobre o caso do “índio latino” que foi agredido violentamente por agentes do governo e sofreu uma sangrenta surra porque exigiu que lhe explicassem o porquê do humilhante tratamento que ele considerava ser injustificado.

 

O que aconteceu a Solvy Hernández no aeroporto Barajas, de Madri, não é novidade nem tampouco um fato isolado. O que ela relata tem acontecido por longo tempo não somente em Barajas, mas também em outros lugares como resultado de uma política racista oculta que o governo pratica através de seus agentes; porém, que nega sua existência e os fatos que produz. É uma repressão dirigida unicamente contra os indígenas ou mestiços da América Latina, que já produziu, inclusive, mortes de “índios latinos” em comissariados da polícia ou da criminosa guarda civil, que foram declarados oficialmente como “suicídios”. Esses e outros crimes são a macabra manifestação de um rechaço e de um ódio racial tradicional que agora é intensamente exacerbado nos meios jornalísticos do sistema, em relação a uma suposta “integração” de todos os nativos da América ao sistema que a maioria rechaça por razões que conhecem; porém, não explicam. É um tema complexo que, para encontrar respostas, é necessário entrar em áreas que, aparentemente, não estão relacionadas; porém, que são realmente o fundo do que está por trás da onda racista em pleno século XXI contra os nativos da América, não somente na Espanha, mas também em outros países, incluindo os Estados Unidos, onde está a raiz de tão maligna e enferma ideologia.

[…]

fonte :

Carta aberta dos povos indígenas de Altamira contra a extinção da administração regional executiva da Funai em Altamira

. publicado em 10.02.2010

. . fonte : Adital

 

No dia 28/12/09 fomos surpreendidos pelo decreto 7.056 assinado pelo presidente Lula com o intuito de promover uma reestruturação na FUNAI, o referido decreto, entre várias outras medidas, extingue a Administração Executiva Regional de Altamira, à qual estão vinculadas 09 etnias (Arara, Xikrin do Bacajá, Kayapó Kararaô, Asurini do Xingu, Arawete, Parakanan, Xipaia, Curuaia e Juruna) de três troncos lingüísticos e com 18 aldeias 11 terra indígenas mais de 6.000.000 de hectares de terras indígenas.

Tal medida provocou o descontentamento de todos nós, indígenas aqui da região de Altamira, para resolver nossos problemas junto a FUNAI, com o decreto teremos que viajar até Santarém. Nos sentimos traídos pelo governo federal que nos estudos para a  construção do AHE de Belo Monte havia prometido fortalecer a FUNAI em Altamira e agora, ao contrário, a extingue. O presidente da FUNAI nunca nos consultou se nós queríamos essa mudança para Santarém, que além de ficar muito longe de nós não tem nada a ver com nossa realidade. Ele nunca quis saber a nossa opinião e nem a dos seus próprios funcionários sobre o que nós achamos de ele acabar com nossos postos indígenas e com nossa administração. Ao extinguir nossa administração e nossos postos indígenas a administração central da FUNAI em Brasília está rifando nossas vidas para os madeireiros ilegais, grileiros de terras, garimpeiros e toda sorte de bandidos que nos cercam nessa região e que se sentem agora, sem a Administração da FUNAI aqui e sem os postos indígenas, com mais liberdade para acabar de nos matar.

Por causa dessa absurda extinção da FUNAI aqui em Altamira, que coloca nossa vida em risco, nós os Arara, os Xikrin do Bacajá, os Kayapó Kararaô, os Asurini do Xingu, os Arawete, os Parakanan, os Xipaia, os Curuaia e os Juruna saímos de nossas aldeias para a cidade e ocupamos a sede da Administração da FUNAI E SEDE DA UFPA, onde estamos desde o dia 04/02/10, porque não aceitamos em hipótese nenhuma o fim de nossa Administração Regional. Não sairemos daqui até que o governo volte atrás e revogue a extinção de nossa administração e nos garanta que continuaremos com nossa administração regional aqui em Altamira e que ela será fortalecida, sendo salvaguardada a participação indígena na gestão, para dar conta de resolver as nossas demandas atuais e as que poderão vir a surgir com a possível construção da Usina de Belo Monte em Altamira.

Se é para perdermos nossas vidas à prestação nas mãos de pescadores clandestinos, grileiros de terras, madeireiros e garimpeiros ilegais ou embaixo de milhões de metros cúbicos de água, preferimos perdê-las todas de uma vez lutando para sermos respeitados e para podermos continuar vivendo em paz em nossas terras que até hoje a FUNAI ainda não terminou de demarcar, mas que são nossas, como também é nossa essa Administração.

A falta de diálogo do presidente da FUNAI conosco e mesmo com os funcionários da FUNAI e a CNPI que ele mesmo criou-nos deixa com uma série de perguntas sem respostas: Será que o presidente da FUNAI conhece Altamira e sabe as distâncias de nossas aldeias até a cidade e da cidade de Altamira até Santarém? Se com a administração aqui perto de nós ainda temos tantos problemas como ficaremos com ela a centenas de quilômetros daqui? Será que o fim da Administração Executiva de Altamira tem alguma ligação com o ato sumário da construção de Belo Monte? Ou será que o presidente da FUNAI pensa em nos jogar nos braços da ELETRONORTE como a FUNAI já fez no passado com os Waimiri-Atroari e Parakanan de Tucuruí? Com tantas perguntas na cabeça e nenhuma resposta de Brasília ficamos pensando que para nós, índios do Brasil, a ditadura nunca acabou, os generais apenas mudaram de farda e de discurso, mas sua prática continua a mesma.

POVOS INDÍGENAS XIPAIA, CURUAIA, XIKRIN DO BACAJÁ, PARAKANÃ, ARARA, ARAWETE, ASURINI DO XINGU, JURUNA e KAYAPÓ KARARAÔ.

******************

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, LUIS INÁCIO LULA DA SILVA.

Com cópia para:
Presidência da FUNAI;
Ministério Público Federal em Altamira;
Ministério Público Estadual;
6ª Câmara do MPF;
Órgãos de Imprensa.

O MOVIMENTO DOS POVOS INDÍGENAS DA REGIÃO DE ALTAMIRA-PA que ocupam por tempo indeterminado a sede da FUNAI em Altamira-PA, desde 04/02/10, representando o conjunto dos Povos Indígenas, através de 09 etnias locais, e mais de 4.000 indígenas, vem por meio deste, TORNAR PÚBLICO A INSATISFAÇÃO COM A APROVAÇÃO DO DECRETO Nº 7.056, de 28/12/10, E A EXTINÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO EXECUTIVA DE ALTAMIRA-PA pelos motivos que passa a expor para ao final exigir:

01. O Decreto foi publicado no DOU em 29/12/09, em pleno recesso legislativo.

02.  A aprovação do Decreto não obedeceu ao comando legal estabelecido na Convenção 169 da OIT, acordo internacional ratificado pelo Brasil mediante o Decreto nº 5.051, de 19/04/2004.

03. Além de não ter havido consulta prévia aos Povos Indígenas, a Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI criada pelo próprio presidente da FUNAI PARA NOS REPRESENTAR foi completamente ignorada.

04. A aprovação do decreto de reestruturação da FUNAI não cumpriu o disposto da Convenção 169 da OIT, gerando assim um vício que o torna nulo. Sobre esse assunto o STF já se manifestou editando o enunciado da súmula 473, que assim dispõe: “A administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não origina direitos; ou revogá-los por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvado, em todos os casos, a apreciação judicial”.

05. O vício do ato administrativo que o torna ilegal foi justamente a ausência de consulta prévia e informada aos Povos Indígenas do Brasil e à CNPI.

06. O parecer 021 emitido pela própria FUNAI relativo ao componente indígena do AHE Belo Monte sugere o fortalecimento da atuação da administração local, como mitigação de impactos previstos com a implantação da hidrelétrica e não a sua extinção.

07. O mosaico étnico cultural da região de Altamira é único e a maioria dos povos indígenas da região tem no máximo 40 anos de contato.

08. A Administração Executiva de Altamira possui a experiência e a confiança de todos nós e tem nos atendido durante todos esses anos com prontidão em detrimento das longínquas administrações propostas para Marabá, Belém e Santarém que não sabem nada sobre nós e nosso modo de viver e por estarem tão longe geograficamente não poderão nos atender com a prontidão que precisamos e nem teremos acesso a eles como temos a Altamira.

09. O que está por detrás da extinção da Administração Executiva de Altamira não parece ser vontade de reestruturar a FUNAI para melhorar o atendimento a nós povos indígenas da região, mas sim a necessidade limpar o terreno para a construção do AHE BELO MONTE.

10. Transferir a Administração Executiva de Altamira para o Tapajós quando temos sérios problemas relacionados a demarcações e desintrusões de terras indígenas, quando todos ao nosso redor nos odeiam por nossa posição sempre a favor da natureza e quando será construída a maior obra do PAC em nossa região e afetará diretamente todos os povos indígenas constitui uma tentativa de genocídio para com os povos indígenas de Altamira.

Diante de toda a fundamentação fática, jurídica e de respeito a nós, EXIGIMOS:

a. A anulação do Decreto 7.056, de 28/12/2009, por descumprimento à Convenção 169 da OIT;
b. A exoneração do Presidente da FUNAI, Márcio Meira e sua equipe de direção;
c. Uma nova reestruturação baseada nas especificidades de cada região garantindo-se a participação indígena local no processo;
d. O fortalecimento da Administração Executiva Regional de Altamira com a participação de indígena de nossa região em sua administração e manutenção dos funcionários atuais e um incremento no quadro de pessoal e não sua extinção.
Diante do exposto asseveramos ainda que repudiamos a oferta de cargos na FUNAI ou em outros órgãos do governo como forma de suborno ou para prejudicar as negociações com o movimento e em hipótese alguma aceitaremos o fim da Administração Executiva de Altamira nesse momento crucial de nossa história onde nos sentimos abandonados por nosso país.

Não obstante, estamos abertos a negociar desde que observadas às considerações aqui expostas.

Altamira (PA), 05 de Fevereiro de 2010.

POVOS INDÍGENAS XIPAIA, CURUAIA, XIKRIN DO BACAJÁ, PARAKANÃ, ARARA, ARAWETE, ASURINI DO XINGU, JURUNA e KAYAPÓ KARARAÔ.

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Nativos e camponeses realizam marcha para denunciar impunidade no caso Bagua

. publicado em 10.02.10

. . fonte : Adital

 

Dirigentes das rondas camponesas de Piura e Cajamarca confirmaram que estão organizando, junto às comunidades nativas, uma marcha pacífica para o próximo 22 de fevereiro em rechaço à atitude do governo de não querer identificar os responsáveis diretos do massacre de Bagua, ocorrido em 5 de junho do ano passado, em que vários indígenas foram mortos ou ficaram feridos pelas forças policiais do Estado peruano.

Acrescentaram que esta manifestação, acordada na semana passada em Bagua, será em demanda ao cumprimento da plataforma expressada no grande protesto indígena de 2009, pela defesa dos recursos naturais e o direito à consulta antes de permitir que empresas transnacionais entrem em seus territórios para extrair minerais e petróleo com o aval do Estado.

Sixto Alverca, presidente da Frente de Defesa do Meio Ambiente de Carmen da Fronteira e integrante dos grupos dessa localidade localizada na serra piurana, apontou que a manifestação do próximo dia 22 será contundente. Acrescentou que marcará o ponto de partida de uma agenda de trabalho comum entre nativos e camponeses. “Tanto na selva como nos Andes o governo tem deixado que empresas transnacionais entrem sem consultar, somos povos inconsultados e juntos devemos reclamar, mas, ademais, esta situação de abuso está permitindo abrir um diálogo entre nativos e campesinos para apresentar propostas em defesa da vida e de respeito a nosso direito à consulta prévia”, disse.

Agregou em diálogo a este jornal: “O atropelo é similar na selva, onde o governo utilizou a Polícia para reprimir uma demanda justa contra decretos legislativos que permitem a entrada de empresas petroleiras. Aqui na serra piurana torturam os campesinos e faz poucos dias que policiais mataram dois rondeiros indefesos e deixaram três feridos pelo único feito de se oporem ao projeto mineiro Río Blanco, que contamina nossas terras e a água. Devemos estar unidos,andinos e amazônicos, estamos no mesmo processo de luta”.

Por sua vez, Angelo Cruz, da comunidade de Cajas-Canchaque, disse que as rondas campesinas marcharão pelas principais ruas e se concentrarão ante os governos das capitais de províncias para manifestar seu rechaço ao relatório governamental sobre o “baguazo”.

A notícia é de Prensa Digital www.conacami.org

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Os Guarani num ano decisivo

Adital : Egon Dionísio Heck *

02.02.10 – BRASIL

 

“A doença dos Guarani é uma só – recuperar nosso território, nossa terra, através  de nossa cultura, nossa organização, nossa reza” (Cacique Rosalino, 1-02-10)

 

Sentado em frente ao barraco, Rosalino vai contando pausadamente como tem participado do processo de  preparação do encontro que estará acontecendo a partir de hoje na aldeia de Anhetete, no sudoeste do Paraná. Está prevista a chegada de 800 Guarani dos quatro países – Paraguai, Brasil, Argentina e Bolívia. Ele conta como foram construindo a proposta de uma Aty Guasu Ñande Reko Resakã Yvy Rupa; ou seja, um encontro pilares: a terra e o modo de viver dos Guarani nestes territórios, sua cultura e religião.

 

Já no início da noite, quando as estrelas começaram a passear  no firmamento, um grupo de Yvy Katu iniciou mais uma noite de ritual, Jeroky. Animados pelo espírito dos antepassados e dos deuses protetores e na esperança depositada em mais um encontro importante para os Povos Guarani da America do Sul.

 

Um pouco da historia e objetivos

 

O Encontro foi originalmente pensado pelo Ministério da Cultura e Comissão especial de Direitos Humanos, para comemorar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e para propiciar à população do Mato Grosso do Sul uma visão mais real sobre a situação em que vivem e principalmente a fora e importância que tem sua cultura no momento atual.. Isso tendo em vista principalmente a grave situação pela qual o esse povo está estava passando a partir do inicio de 2005 com a morte de mais de 40 criancças, de desnutrição. Além disso, seria uma oportunidade para os Povos Guarani aprofundarem entre si as razões de tão grave situação e juntos traçassem as estratégias necessárias para enfrentá-los. O Encontro seria realizado em Dourados de 10 a 13 de dezembro e  no encerramento teria um grande show artístico com  artistas de renome nacional e internacional. Lamentavelmente a postura do agronegócio e do governo do Estado inviabilizaram a realização do evento conforme previsto

 

Anhetete, nas margens do rio Paraná.

 

Portanto o Encontro estava no marco da celebração dos 60 anos dos Direitos Humanos, e a negação aos direitos básicos dos Kaiowá Guarani à vida e às suas terras. A mudança forçosa de lugar alterou também parte de seus objetivos, com relação à conscientização da sociedade regional com relação à força, cultura e vida desses povos. Permaneceu, porém, o aspecto de articulação dos Povos Guarani, num contexto de encontros continentais e outras iniciativas de união das lutas desses povos por seus direitos.

 

Dentre os eixos temáticos definidos pela coordenação Guarani do encontro, em janeiro,  serão a partir da compreensão da Convenção 169 da OIT e da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Destacam-se os seguintes temas: “Reconhecimento e devolução dos territórios ancestrais do povo Guarani na América do Sul; Abertura da Fronteira dos países do Mercosul para os povos Guarani; Discussão de Políticas Públicas (educação, saúde, cultura, meio ambiente, economia…) dos Países do Mercosul para o Povo Guarani…”

 

Dentre as idéias a discutir, destacadas pela coordenação estão: “O Povo Guarani é um só; fortalecimento do povo Guarani através da unificação;  recuperação das terras para o povo Guarani é imprescindível para que a sua cultura seja exercida plenamente. O encontro é uma oportunidade única  para se iniciar um processo de reconhecimento da cultura Guarani no âmbito do Mercosul Cultural e Social.” (doc. De preparação do Encontro)

 

O projeto inicial (Ava Marandu) destacava a questão dos direitos humanos e a força e beleza da cultura  e valores Guarani. Com isso se propunha a ser um momento forte de conscientização da população sul matogrossense sobre a importância e contribuições do povo Guarani para um projeto plural e igualitário para esse estado e para o Brasil. Também se colocava como objetivo o fortalecimento da identidade étnica Kaiowá Guarani.

 

Já o encontro que hoje inicia no tekoha Anhetete restringe mais seus objetivos para a articulação e fortalecimento do povo Guarani e sua presença organizada no espaço do Mercosul. Para isso se prevê a elaboração e entrega de documentos aos ministros da Cultura do Brasil e Paraguai, que confirmaram suas presenças no dia 5, e os representantes dos outros países.

 

A suprema injustiça

 

Enquanto isso os Kaiowá Guarani no Mato Grosso do Sul continuam sendo vítima do que consideram a suprema injustiça, que é lhes negar o direito às terras tradicionais para poderem viver em paz e com dignidade. Além da liminar assinada pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, ministro Gilmar Mendes, na véspera do Natal, ele continuou assinando as liminares impetradas por fazendeiros, atingindo praticamente todo o território da comunidade de Arroio Korá, homologado pelo presidente Lula em dezembro do ano passado. E essa tendência de atender a todas as ações do agronegócio e políticos do Mato Grosso do Sul, se configura efetivamente como tendência a ser seguida pelo presidente da Corte suprema do país. E o que é pior, já se fala na suspensão total das identificações em curso, através dos 6 Grupos de Trabalho, por determinação do presidente do STJ.

 

É neste contexto que o encontro de Anhetete vai ter uma importância muito grande, pois trará ao mundo essa lamentável situação e exigirá providencia.

 

O cacique Rosalino com seu grupo já está na beira da estrada para embarcar. Na bagagem as tradicionais armas: mbaraká, takuara, para fazer muitas celebrações e rituais, para trazer mais força e esperança para seu povo na luta pela terra, vida e futuro.

Yvy Katu, 2 de fevereiro de 2010

Campanha Povo Guarani Grande Povo

 

* Assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Mato Grosso do Sul

 

fonte :

ADITAL